Em janeiro reiniciamos nossas atividades com o tema ADOLESCÊNCIA contando com uma palestra realizada pela Assistente Social Maria Eliana Graça que gerou, após muito trabalho e bate papo, o nosso Boletim Informativo que reproduzimos na integra:
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Em nossos módulos socioeducativos procuramos desenvolver temas que despertem curiosidade, dúvidas e formação de opiniões por parte de nossos adolescentes, tudo para que haja debates saudáveis para a geração de informações que possam ser repassadas à comunidade através deste boletim.
Pois bem, o tema Adolescência foi o escolhido para este módulo e desenvolvido pela Equipe, supervisionada pela Assistente Social Maria Eliana Graça, e contou com o auxílio de excelente material midiático que atraiu a atenção e incentivou a participação dos jovens.
Acompanhe os principais tópicos abordados deste importante assunto que elucidará alguns pontos que devemos compreender para facilitar esta fase de transição inerente a todos os seres humanos, portanto se você não é adolescente ou já foi ou será. Boa leitura!
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PUBERDADE
X ADOLESCÊNCIA
A puberdade é a fase inicial da adolescência,
caracterizada por alterações físicas, hormonais, sexuais, é neste período que o
corpo torna-se maduro e os “adolescentes” ficam capacitados para gerar filhos.
Período da puberdade (entre 10 e 13 anos entre
as meninas e 12 e 14 entre os meninos) que ocorre o desenvolvimento dos órgãos
sexuais.
A partir das mudanças corporais é iniciado o
processo lento e progressivo de desenvolvimento psíquico denominado
ADOLESCÊNCIA.
A adolescência é um período de vida que merece
atenção, pois esta transição entre a infância e a idade adulta pode resultar ou
não em problemas futuros para o desenvolvimento de um determinado indivíduo.
É nesta
fase que surgem comportamentos irreverentes
e desafiantes com os outros, o questionamento dos modelos e padrões
infantis que são necessários ao próprio crescimento. Muitas pessoas confundem
adolescência com puberdade.
A adolescência é uma etapa intermediária do
desenvolvimento humano. É nela que a pessoa descobre sua identidade e define
sua personalidade, neste período o adolescente passa por crises, na qual se
reformulam os valores adquiridos na infância e se assimilam numa nova estrutura
mais madura.
OS 3
LUTOS
Podemos dizer que adolescência é sinônimo de
crise, pois o adolescente, em busca de identidade adulta, passa para o período
“turbulento” .
A esta
crise, provocada pela ampla e profunda desestruturação em todos os níveis da
personalidade, segue-se um processo de reestruturação, passando por ocasiões
nas formas de exprimir-se ao longo dos anos.
Essa reestruturação é o processo de elaboração
dos lutos gerados pelas três perdas fundamentais desse período evolutivo:
1. Perda do corpo infantil:
Nessa fase, o adolescente vive com muita
ansiedade as transformações corporais ocorridas a partir da puberdade, as quais
exigem dele uma reformulação de seus mundos interno e externo. Muitas vezes, as
restrições familiares e sociais para controlar esses impulsos, ameaçam tanto o
seu desenvolvimento que chega a causar retardo em seu crescimento e no
aparecimento natural das funções sexuais próprias dessa fase.
2. Perda dos pais da infância:
Os pais, antes idealizados e supervalorizados,
passam a ser alvo de críticas e questionamentos. Dessa forma, o adolescente
busca figuras de identificação fora do âmbito familiar.
Nesta fase, se caracteriza a
dependência/independência dos filhos em relação aos pais e vice-versa; é o
momento em que o adolescente busca substituir muitos aspectos da sua identidade
familiar por outra mais individual.
3. Perda da identidade e do papel
sócio-familiar infantil:
Da relação de dependência natural do convívio
da criança com os pais, segue-se uma confusão de papéis, pois o adolescente,
não sendo mais criança e não sendo ainda um adulto, tem dificuldades em se
definir nas diversas situações de sua cultura.
No caminho para a sua independência,
sentindo-se ora inseguro, ora temeroso, busca o apoio do grupo, que tem
importante função, pois facilita o distanciamento dos pais permitindo novas
identificações.
Para atingir a fase adulta, o adolescente
deverá fazer uma síntese de todas essas identificações desde a infância.
Trata-se de um verdadeiro estado caótico que,
aos poucos, vai sendo substituído pelo juízo de realidade, mediante a
elaboração dos três lutos, que permite o adolescente compreender que aquela
identidade infantil deve dar espaço ao seu novo papel que a natureza e o meio
lhe apresentam.
A partir disso, compreendemos o conceito de
morte como processo irreversível e natural do desenvolvimento. Os pais dos
adolescentes também experimentam, em geral, não sem sofrimento, a perda do
filho infantil. Esta é considerada uma das mais importantes e difíceis fases do
ciclo de vida familiar, na qual os pais precisam aprender a flexibilizar as
regras para que seus filhos, gradualmente, aprendam a ter liberdade e fazer uso
dela com responsabilidade.
Para se compreender e lidar com adolescentes é
fundamental que se conheça essa aparente “patologia”, chamada “Síndrome da
Adolescência Normal”, com as seguintes características:
1. A busca de si mesmo e da identidade
consistem em um processo de busca: com encontros fortuitos, com as paixões repentinas, transitoriedade, formulação da autoimagem,
auto definição corporal e psicológica. O adolescente não é reconhecido neste esforço; o ambiente tende a
criticá-lo pela sua volubilidade e culpabilizá-lo.
2. A tendência grupal onde o adolescente busca
uma IDENTIDADE GRUPAL que facilita a resolução das ansiedades em relação à própria falta de referenciais,
modismos, posições ideológicas e filosóficas.
3. Necessidade de intelectualizar e fantasiar:
o raciocínio evolui do concreto para o hipotético dedutivo.
4. Crises religiosas: busca de identidade,
busca simultânea de um mundo e uma dimensão religiosa que se tornam campo de experimentação e possíveis
definições.
5. A vivência do tempo: o adolescente tende a
vivenciar o tempo de forma peculiar, diferente; dilatação da dimensão do presente
com consequente afastamento da dimensão do passado e do futuro; é comum se
referir ao passado como algo vivido remotamente e ao futuro como algo
longínquo. O adolescente tem a percepção diferente do tempo em relação ao adulto.
6. A sexualidade: pode apresentar variadas
tendências; ansiedades podem ser geradas dependendo do ambiente.
7. Atitude social reivindicatória: o
adolescente se percebe como parte de uma coletividade, isso o torna capaz de
uma ideologia, de uma atitude e de um
posicionamento.
8. Condutas contraditórias: experimentação
constante; desvios constantes dos objetivos originais.
9. Separação progressiva dos pais:
ambivalência dos adolescentes entre situações de dependência e independência. Pais: permissividade e autoritarismo.
10. Constantes flutuações de humor: diante de
tantas modificações, conquistas e impedimentos de toda ordem, o adolescente tende a ter polarizações tanto na
linha depressiva quanto eufórica. É uma flutuação constante de humor
A
IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NESTA FASE
Na adolescência a família é o primeiro grupo
de referência. Seus padrões, sua dinâmica e valores moldam o pensamento desde a
infância A família, enquanto estrutura primeira da vida de uma pessoa
possibilita as relações da criança com objetos externos, assumindo juntamente
com os fatores constitucionais, grande importância para o destino do indivíduo.
A família e a sociedade impõem regras pelo fato de não querer que os
adolescentes percam valores familiares adquiridos na infância.
O adolescente sente necessidade de
experimentar coisas novas, de inovar, de ir além do mundo que até então não
conhecia, o desejo de ser independente, descobre-se a beleza da liberdade e o
valor do respeito.
Essa atitude vai, quase sempre contra as
ideias dos pais, na maioria das vezes sentem medo de perder o controle da
situação. Para os pais os filhos são sempre crianças.
Os adolescentes reclamam da falta de liberdade
e da falta de confiança dos pais. A
convivência com os adolescentes é cheia de surpresas, apresentam constantes
alterações de humor, num momento estão estonteantes de alegria por causa da
descoberta, no outro ficam profundamente frustrados por causa da mesma
descoberta. São indecisos e carentes, mas são rebeldes e defensivos. É
necessário aprender a respeitar os limites.
A compreensão é, sem dúvida, fundamental para
que se sinta numa ambiente amigável e confiável para agir de forma natural,
espontânea e sensata.
Sabe-se, portanto que a família é fundamental
nesta fase, é o alicerce para a formação do adolescente e o diálogo deve ser um
exercício contínuo no dia a dia.
“A
adolescência é como um segundo parto: o filho nasce da família para entrar na sociedade”
Referências: prime.org.br e suapesquisa.com
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